Algo que você deveria sempre manter,

e esta é a única obrigação,

é ser feliz.

Osho

quarta-feira, 16 de junho de 2010

As mãos


Foto de Selma Brandespim

Minha avó tinha mais de 90 anos, estava recostada num sofá e aparentava um aspecto fraco. Ela não se mexia. Olhava para cima, para os lados e para as mãos. Quando eu me sentei aos seus pés, não se moveu e nem teve nenhuma reação. Eu não queria perturbar seu descanso, mas, ao fim de um certo tempo perguntei a ela se estava acontecendo alguma coisa. Ela levantou a cabeça e sorriu para mim.
- Sim, eu estou bem, não te preocupes.
- Eu não queria lhe incomodar, mas você estava aí com o olhar fixo nas mãos, e eu queria saber se estava tudo bem.
Alguma vez já viste bem as tuas mãos? Quero dizer, vê-las como elas são de verdade? Perguntou-me ela...
Então fixei o olhar em minhas mãos. Sem compreender o que ela queria me dizer, respondi que não, nunca tinha olhado para minhas mãos.
Minha avó sorriu e me disse o seguinte:
Pare um bocadinho e pense em como tuas mãos têm te servido desde tua nascença. As minhas mãos cheias de rugas, secas e fracas, foram as ferramentas que utilizei para abraçar a vida. Elas permitiram agarrar-me a qualquer coisa para evitar de cair, antes de eu aprender a andar. Elas levaram comida à minha boca e vestiram-me. Quando era criança, minha mãe mostrou-me como uni-las para rezar. Elas ataram minhas botas e meus sapatos. Elas tocaram no meu marido e enxugaram minhas lágrimas quando ele foi para a guerra. Elas já estiveram sujas, cortadas, enrugadas e inchadas. Elas não tiveram jeito nenhum quando tentei segurar meu primeiro filho. Decoradas com a aliança de casamento, elas mostraram ao mundo que eu amava alguém único e especial. Elas escreveram cartas ao teu avô e tremeram quando ele foi enterrado. Elas seguraram meus filhos, depois meus netos, consolaram os vizinhos e também tremeram de raiva quando havia alguma coisa que eu não compreendia. Elas cobriram meu rosto, pentearam meus cabelos e lavaram meu corpo. Elas já estiveram pegajosas, úmidas, secas e com rugas. Hoje, como nada funciona como dantes para mim, elas continuam a me amparar e eu ainda as uno para orar. Estas mãos contém a história da minha vida. Mas o mais importante é que serão estas mesmas mãos que um dia Deus segurará para me levar para o Paraíso. Com elas, Ele me colocará ao Seu lado, e lá poderei utilizá-las para tocar na face de Cristo.
Pensativo, eu olhava para as nossas mãos. Nunca mais as verei da mesma maneira. Mais tarde, Deus estendeu Suas mãos e levou minha avó para junto D’Ele...
Quando vejo minhas mãos, quando elas são sensíveis, quando acarinho minha esposa e meus filhos, penso sempre em minha avó. Apesar da sua idade avançada, ainda teve sabedoria suficiente para me fazer compreender o valor das “minhas mãos”.
Autoria desconhecida

2 comentários:

  1. Belíssima narrativa e muito verdadeira na sua simplicidade__ nossas abençoadas mãos e seus inúmeros poderes__ como nos negligenciamos disso.
    Obrigada pelas belas palavras.
    Bjkas,
    Calu

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  2. Que linda história!!!na verdade não damos valor as nossas mãos como merecido.Não vou me esquecer desse exemplo.Bjss

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