Foto de Selma Brandespim

Nos arredores de uma cidade havia um jardim particular, e neste jardim, uma estátua da bodisatva Kuan Yin (Avalokiteshvara), ornamentada com diamantes, pérolas e outras pedras preciosas.
Certo dia, um pombo, que participava de uma competição, pousou aos pés da estátua para descansar e, no meio daquela noite, despertou com um diamante que caíra sobre ele. Pensando que o diamante fora um presente doado, aos necessitados, pela compassiva bodisatva Kuan Yin, apanhou a pedra em seu bico e voou até a casa de uma dessas famílias onde a deixou. Tão logo voltou ao pé da estátua para retomar a competição, uma pérola caiu no chão. Crendo ser a pérola outra manifestação da bondade da bodisatva que lhe confiava a missão, e pensando ainda que fama e a fortuna resultantes da competição não se comparavam aos votos compassivos da bodisatva, ele apanhou-a em seu bico, sem hesitação, e alçou vôo novamente.
E assim, sucessivamente, toda vez que ele voltava, uma pedra precisosa se desprendia da estátua. Então, ele a apanhava em seu bico e a levava para alguém, continuando esse trabalho até que a última gema, o jade dos olhos da Bodisatva, também se desprendeu.
Quando o dono do jardim regressou, encontrou uma estátua deplorável, sem seus adornos e um pombo morto, rigidamente estendido aos pés da bodisatva. Sem pensar duas vezes, o homem pegou o pombo e o atirou ao gramado.
Kuan Yin é uma bodisatva, o pombo também é um bodisatva.
Os bodisatvas são assim, não demonstram nenhum pesar ao empreenderem qualquer tarefa, sem nunca desistir nem esperar nada em troca, mesmo que ninguém saiba da grandiosidade de suas realizações.
Venerável Mestre Hsing Yun